terça-feira, novembro 12, 2013

Ternura


Chegas com gaivotas
veleiro contra o vento
e tudo o mais sobra.
 
Cerro os olhos:
dentro das pálpebras
o desenho do teu rosto.
 
Teu corpo,
um aceno às aves
que alto voam.
 
Sumptuosa coberta de seda
contra a minha pele, a tua.
 
Com a sombra das árvores
confunde-se a seiva
e a sede que nos uniu.
 
Ficaram por colher
em tuas mãos as cores
exultantes do Verão.  
 
Lá fora a minha solidão
vagueia com a tua ausência.
 
Levo a mão ao rosto
para enxugar uma lágrima tua.
 
No teu rosto
leio com ternura a ruína
que ameaçou o meu. 

Flor Campino

                    (Francis Picabia)

Tecem-se laços  em toques rendilhados de ternura. Abraços com poemas de permeio. Chove lá fora. Porém, os pássaros ainda cantam, abrigados na copa das árvores.



4 comentários:

  1. "Chegas com gaivotas
    veleiro contra o vento
    e tudo o mais sobra."

    Não me sobrou o resto, e li até ao fim...

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    1. Belo, o poema, não é? Um hino ao amor terno.

      Beijinhos Marianos, Rogério! :)

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  2. Respostas
    1. Ou um arroubo! Arroubo é uma palavra maravilhosa! :)

      Beijinhos Marianos, JM! :)

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