segunda-feira, janeiro 13, 2014

Do olhar amoroso

No olhar dos amantes há a limpidez de uma manhã de Verão. Um reflecte-se nos olhos do outro, replicando o amor até ao infinito.






















Cristina Coral Photography

O paraíso terrestre é uma flor verde.
As árvores abrem-se ao meio.
O que é sucessivo perde-se.
Se o tempo modifica os seres e os objectos
eu sinto a diferença e gasto-me.
O sol é um erro de gramática, a luz da madrugada
uma folha branca à transparência da lâmpada.
Soam então os barulhos. Soam
de dentro das caixas fechadas há mais tempo,
de dentro das chávenas de café.
É tarde e és tu.
acima de tudo,
entre a manhã e as árvores,
à luz dos olhos,
à luz só do límpido olhar.   

Nuno Júdice, in "Poesia Reunida 1967-2000", O Mecanismo Romântico da Fragmentação






8 comentários:

  1. "No olhar dos amantes há a limpidez de uma manhã de Verão. Um reflecte-se nos olhos do outro, replicando o amor até ao infinito." - É tão verdade que só dá mesmo para sorrir ao ler isto...
    Jokas Mariazinha...

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  2. Não exijas mais nada.
    não desejo
    também mais nada,
    só te olhar,enquanto
    A realidade é simples e isto apenas.

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    1. O olhar é como uma porta para o lado mais íntimo do outro...

      Beijinhos Marianos, Legionário! :)

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  3. Quando amo, fecho os olhos
    para ver esse infinito
    entre a manhã e as árvores

    E quando os abro lá estão os olhos dela

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    1. E é tão bom ter esses olhos mesmo ali ao lado!

      Beijinhos Marianos, Rogério! :)

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